A discussão sobre como planejamos as cidades em que queremos viver é uma conversa sem fim. À medida que nosso mundo passa por mudanças que afetam os projetos urbanos de maneiras previsíveis e imprevisíveis, alguns princípios se mantém verdadeiros: as cidades que dependem menos do transporte privado, criam bairros onde se pode caminhar, possuem uma infinidade de parques e espaços públicos e são projetadas de uma maneira mais próxima à escala humana tendem a ser favorecidas e bem recebidas pelas pessoas que a habitam. O conceito do Novo Urbanismo se apoia nessas ideologias e soma um toque moderno, resultando em como elas podem ser introduzidas ao nosso estilo de vida no século XXI. O Novo Urbanismo pode ser visto como uma estratégia de planejamento que tem sido elogiada e criticada desde sua implementação.
Os princípios do Novo Urbanismo foram criados na década de 1980 como uma alternativa à expansão suburbana caracterizada pelo zoneamento de baixa densidade com edifícios e residências de uso único que se tornaram populares após o fim da Segunda Guerra Mundial. Enfatizado pelo desejo de tornar as cidades mais fáceis de percorrer e remover a dependência de carros, o Novo Urbanismo reflete sobre precedentes históricos, ao mesmo tempo que busca retornar a uma estratégia de planejamento mais tradicional, como visto em lugares como Charleston, Carolina do Sul e Georgetown em Washington, DC, nos Estados Unidos. Para além das zonas amigáveis para pedestres, a ideia é que esses bairros seriam ocupados com uma combinação de edifícios residenciais multifamiliares, negócios emergentes e locais comerciais que se alinham em um sistema de ruas quadriculadas. Todo esse espaço seria então dividido por uma “rua principal”, onde todas as atividades da cidade seriam reunidas em uma centralidade.
As estratégias do Novo Urbanismo e seus desdobramentos, como a Cidade dos 15 Minutos, foram testados em todo o mundo. Um dos primeiros e mais notáveis projetos é o bairro de Stapleton em Denver, Colorado, nos Estados Unidos. O bairro foi reorganizado para se tornar uma das maiores combinações de áreas residenciais e comerciais do estado, com ênfase em parques públicos. Mas a realidade de como o Stapleton é utilizada por seus residentes se tornou uma das maiores críticas aos movimentos do Novo Urbanismo em geral. Um estudo da Universidade do Colorado concluiu que Stapleton realmente tem velocidades de veículos mais altas, menos ciclistas e menos usuários de transporte público em comparação com outros bairros da região.
Apesar de todas as promessas do Novo Urbanismo, nos últimos anos, tem havido algumas preocupações sobre como essas cidades são planejadas a partir de uma perspectiva de densidade. Se elas são tão densas, como os residentes experimentarão um nível de privacidade? A outra preocupação é que nem todo mundo quer viver em uma cidade como esta - algumas pessoas realmente gostam da expansão suburbana e rural que lhes dá um grande quintal e uma certa territorialidade em relação aos seus vizinhos. Algumas das cidades propostas também parecem mais um cenário de filme, com seus designs muito bem cuidados, e não refletem a maneira como as cidades crescem naturalmente.
Mesmo com essas críticas, as ideias por trás do Novo Urbanismo apenas continuam a ganhar força, são promissoras aos olhos dos planejadores de cidades e suas ideias ainda são implementadas em muitos novos empreendimentos ao redor do mundo, mesmo que em escalas menores. É apenas uma questão de tempo até que mais cidades possam ser mais dedicadas aos pedestres e suas políticas apoiem projetos de alta densidade.